Esse peixe esteve na Exposição do Badesc, em 2008!
sábado, 31 de janeiro de 2009
Sete anos, setenta sonhos...
Este bordado fiz para o livro da Dolinha. Sugere os direitos das crianças à proteção. A frase é do Eugênio Leandro, tirada da música Presente, gravada por ele. Eu o bordei pensando em meu filho e seu pai.
(2009)
(2009)
Presente
Eugênio Leandro
Meu pai me levou numa viagem
na janela da maria fumaça
eu era olhos e espanto
sete anos, setenta sonhos
as paisagens do sertão:
serras, veredas, rios,
pontes, tapiocas, pães de ló
de tão danado o trem
foi parar em Juazeiro do Norte
as ruas em arco-íris
de um povo em romaria
não me lembro
que meu pai tenha me dado
um presente mais bonito.
Chegarei com as árvores, meu amor
O Scheibe ganhou este bordado da Leda. Presente de 42 anos de casados!
A frase é do poeta moçambicano Luis Carlos Patraquim.
A frase é do poeta moçambicano Luis Carlos Patraquim.
Segue a poesia toda.
(2009)
Canção
Luis Carlos Patraquim
chegarei com as árvores
meu amor ao som do sangue
às catedrais do puro gesto
com o grito e as aves
marítimas dentro das sílabas
ao breve cume da espuma
mãos nas mãos chegarei
chegarei com as espadas
areia verde dó planície
ao tutano meu amor da fome
com os frutos nos teus olhos
amante vento à espera
ao sexo nuclear do mundo
nervo a água chegarei
chegarei nas manhãs suadas
da voz meu amor liberta
à nocturna onda do poema
com as aves dentro do grito
ou só marítimo eco
à raiz exígua dos cristais
morte a morte chegarei
chegarei de pé ao silêncio
que vaza meu amor nos rios
remo a canto deslumbrados
contigo ao princípio chegarei
(2009)
Canção
Luis Carlos Patraquim
chegarei com as árvores
meu amor ao som do sangue
às catedrais do puro gesto
com o grito e as aves
marítimas dentro das sílabas
ao breve cume da espuma
mãos nas mãos chegarei
chegarei com as espadas
areia verde dó planície
ao tutano meu amor da fome
com os frutos nos teus olhos
amante vento à espera
ao sexo nuclear do mundo
nervo a água chegarei
chegarei nas manhãs suadas
da voz meu amor liberta
à nocturna onda do poema
com as aves dentro do grito
ou só marítimo eco
à raiz exígua dos cristais
morte a morte chegarei
chegarei de pé ao silêncio
que vaza meu amor nos rios
remo a canto deslumbrados
contigo ao princípio chegarei
Anjo da Generosidade, bordado de Anabea
(2008)
Bordado Boliviano: Benita Taborga
Recebi esse bordado da Alice, de São Paulo: "Te mando a foto de um bordado boliviano. Este trabalho traz uma etiqueta escrita à mão pela artesã, que diz assim:
Benita Taborga
Historia: Manuel estaba capiendo su lote mientras que Martha estaba de ida a sacar platanos para ir a bender y cambiar por arroz. Pelo jeito, o bordado traduz bem o ambiente, os costumes e o dia-a-dia das índias bolivianas na região da Chiquitania (é na região plana, próxima ao Pantanal Matogrossense; não é nos Andes)."
Eu adorei, Alice.
(2010)
(2010)
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Exposição Pano e Poesia: Grupos Respigar e Roda de Bordados
Cartaz da Exposição e visão geral
Bordados de Olinda Evangelista e Rozi Couto
Bordados de Bebel e Vera Lícia
Bordados de Olga Durand e Ana Baiana
Bordados de Sonia Beltrame e Flavia Orofino
Bordados de Rozi Couto e Anabea
Exposição Pano e Poesia
Grupos Respigar e Roda de Bordados
Setembro de 2008. Centro de Cultura e Eventos.
Colóquio Luso-brasileiro de Currículo.
Colóquio Luso-brasileiro de Currículo.
UFSC/Universidade Federal de Santa Catarina.
Fotos: Leo Nogueira
Fotos: Leo Nogueira
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Um monstro de Sônia Beltrame
A Sônia andou com uma mania maluca de bordar peixes... Esse é um deles. Não se sabe se é um galo, um peixe ou apenas um monstro extraterrestre! É meu. Foi exposto na Exposição do Badesc, em 2008.
Flor de Manacá, bordado de Sílvia Zanatta
Esse bordado me faz sentir o perfume dos manacás e lembrar-me da música que minha mãe cantava: "lá detrás daquele morro tem um pé de manacá..."
Pé de Manacá
Hervê Cordovil/Marisa Pinto Coelho
Lá detrás daquele morro
Tem um pé de manacá
Nóis vão casá
Nóis vão pra lá
Cê qué?
Cê qué?
Lá detrás daquele morro
Tem um pé de manacá
Nóis vão casá
E vão pra lá
Cê qué?
Cê qué?
Eu quero te agradá
Eu quero te abraçá
Eu quero te pegá e te levá pra lá
Cê vai?
Cê vai?
Lá detrás daquele morro
Tem um pé de manacá
Nóis vão casá
E vão pra lá
Cê qué?
Cê qué?
Eu junto todas as flô do pé de manacá
E faço uma coroa para te enfeitá
Cê qué?
Cê qué?
Cê qué?
Pé de Manacá
Hervê Cordovil/Marisa Pinto Coelho
Lá detrás daquele morro
Tem um pé de manacá
Nóis vão casá
Nóis vão pra lá
Cê qué?
Cê qué?
Lá detrás daquele morro
Tem um pé de manacá
Nóis vão casá
E vão pra lá
Cê qué?
Cê qué?
Eu quero te agradá
Eu quero te abraçá
Eu quero te pegá e te levá pra lá
Cê vai?
Cê vai?
Lá detrás daquele morro
Tem um pé de manacá
Nóis vão casá
E vão pra lá
Cê qué?
Cê qué?
Eu junto todas as flô do pé de manacá
E faço uma coroa para te enfeitá
Cê qué?
Cê qué?
Cê qué?
Máscara, bordado de Olga Durand
Frida Khalo na Ilha, bordado de Anabea
Frida Khalo na ilha! Quanto merecimento para ambas... Esse bordado fez parte da Exposição em homenagem à Frida, no Café Matisse, em 2007.
Teatro da UFSC, bordado de Anabea
Ciranda bordada, de Flávia Orofino
Esse belíssimo bordado é de Flávia Orofino! Uma ciranda dada de presente à sua mãe.
(2008)
(2008)
Contato: flafln@terra.com.br
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Ó eu aqui...
Lá vai o trem com o menino: Olinda Evangelista
Essa frase poética todo mundo lembra. Foi escrita pelo Ferreira Gullar para a música de Villa-Lobos e belissimamente interpretada por Edu Lobo. É da Nani esse bordado.
Segue a letra completa para quem quiser se deliciar.
Trenzinho do Caipira
Heitor Villa-Lobos e Ferreira Gullar
Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade e noite a girar
Lá vai o trem sem destino
Pro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra
Vai pela serra, vai pelo mar
Cantando pela serra ao luar
Correndo entre as estrelas a voar
Luar, no ar, no ar, no ar
Vídeo do "Trenzinho Caipira" interpretado por Edu Lobo (1943/___).
http://www.youtube.com/watch?v=coJjqZCDrw0
Vídeo sobre o "Trenzinho do Caipira" de Villa-Lobos (1887/1959), Ferreira Gullar (1930/___) e, as "Paisagens Imaginantes" de Guignard (1896/1962).
http://www.youtube.com/watch?v=gDr2Z7NjTv8
Está chovendo na roseira...
Às vezes me dá saudades dos bordados... Desse eu tenho.
Ele é do Elton. Sei lá, parece que sou naquela casinha...
Daí aproveito pra pensar que sou a Elis cantando...
Ele é do Elton. Sei lá, parece que sou naquela casinha...
Daí aproveito pra pensar que sou a Elis cantando...
http://www.youtube.com/watch?v=F68Q-sgd6Gg
Chovendo na Roseira
Tom Jobim
"Olha está chovendo na roseira
Que só dá rosa mas não cheira
A frescura das gotas úmidas
Que é de Luisa
Que é de Paulinho
Que é de João
Que é de ninguém
Pétalas de rosa carregadas pelo vento
Um amor tão puro carregou meu pensamento
Olha um tico-tico mora ao lado
E passeando no molhado
Adivinhou a primavera
Olha que chuva boa prazenteira
Que vem molhar minha roseira
Chuva boa criadeira
Que molha a terra
Que enche o rio
Que limpa o céu
Que trás o azul
Olha o jasmineiro está florido
E o riachinho de água esperta
Se lança em vasto rio de águas calmas
Ah, você é de ninguém
Ah, você é de ninguém
Vídeo de "Chovendo na Roseira", Tom Jobim (1927/1994) e Elis Regina (1945/1982).
"Olha está chovendo na roseira
Que só dá rosa mas não cheira
A frescura das gotas úmidas
Que é de Luisa
Que é de Paulinho
Que é de João
Que é de ninguém
Pétalas de rosa carregadas pelo vento
Um amor tão puro carregou meu pensamento
Olha um tico-tico mora ao lado
E passeando no molhado
Adivinhou a primavera
Olha que chuva boa prazenteira
Que vem molhar minha roseira
Chuva boa criadeira
Que molha a terra
Que enche o rio
Que limpa o céu
Que trás o azul
Olha o jasmineiro está florido
E o riachinho de água esperta
Se lança em vasto rio de águas calmas
Ah, você é de ninguém
Ah, você é de ninguém
Vídeo de "Chovendo na Roseira", Tom Jobim (1927/1994) e Elis Regina (1945/1982).
Estava anoitecido...
Uma amiga* que já se foi ficou com esse bordado.
A frase é do Manoel de Barros, amado e adorado, como ela.
A poesia toda é especial.
O Casaco
Manoel de Barros
Um homem estava anoitecido.
Se sentia por dentro um trapo social.
Igual se, por fora, usasse um casaco rasgado e sujo.
Tentou sair da angústia.
Isto ser:
Ele queria jogar o casaco rasgado e sujo no lixo.
Ele queria amanhecer.
Manoel de Barros na "Caros Amigos", entrevistado por Bosco Martins (Overmundo).http://www.overmundo.com.br/overblog/a-caros-amigos-traz-manoel-de-barros-parte-2
http://www.overmundo.com.br/overblog/a-caros-amigos-traz-a-poesia-de-manoel-de-barros
* Maria Célia, In memoriam
Tem remédio pra alegria?
Frida Chita...
O encontro de Frida e Maria Bonita no céu!
Comadre, minha comadre...
Entre pedras e água vivo...
Trazia o bolso apassarinhado de sol...
Botou o rio no bolso e saiu correndo: Olinda Evangelista
Onde a senhora vai, Dona Lazinha?
A minha mãe é uma senhorinha de 85 anos, mineira radicada no Paraná.
De manhã, quando vai comprar o leite, sua vizinha, Dona Antonieta, septuagenária, pergunta: _Onde a senhora vai, D. Lazinha?
Do alto de sua sabedoria, ela responde:
_Ah, enfeitar a cidade!
De fato, a cidade fica mais bonita com ela!
De manhã, quando vai comprar o leite, sua vizinha, Dona Antonieta, septuagenária, pergunta: _Onde a senhora vai, D. Lazinha?
Do alto de sua sabedoria, ela responde:
_Ah, enfeitar a cidade!
De fato, a cidade fica mais bonita com ela!
O bordado está com ela.
(2009)
(2009)
Mário Quintana...
Patos descendo o rio...
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Para a rosa o jardineiro é eterno...
Vamos sair pra ver o sol!!
Essa frase é do Tom Jobim... Dei o bordado para o Bruno e a Márcia, presente de casório. Deixei a parte triste de fora e botei só a iluminada!
Segue a letra inteira.
Estrada do sol
Tom Jobim
É de manhã vem o sol
Mas os pingos da chuva
que ontem caiu
Ainda estão a brilhar
Ainda estão a dançar
Ao vento alegre
Que me traz esta canção
É de manhã vem o sol
Mas os pingos da chuva
que ontem caiu
Ainda estão a brilhar
Ainda estão a dançar
Ao vento alegre
Que me traz esta canção
Quero que você me dê a mão
Vamos sair por aí
Sem pensar no que foi
que sonhei
Que chorei, que sofri
Pois a nossa manhã
Já me fez esquecer
Me dê a mão
vamos sair prá ver o sol
É de manhã vem o sol
Mas os pingos da chuva
que ontem caiu
Ainda estão a brilhar
Ainda estão a dançar
Ao vento alegre
Que me traz esta canção
É de manhã vem o sol
Mas os pingos da chuva
que ontem caiu
Ainda estão a brilhar
Ainda estão a dançar
Ao vento alegre
Que me traz esta canção
Quero que você me dê a mão
Vamos sair por aí
Sem pensar no que foi
que sonhei
Que chorei, que sofri
Pois a nossa manhã
Já me fez esquecer
Me dê a mão
vamos sair prá ver o sol
Segue a letra inteira.
Estrada do sol
Tom Jobim
É de manhã vem o sol
Mas os pingos da chuva
que ontem caiu
Ainda estão a brilhar
Ainda estão a dançar
Ao vento alegre
Que me traz esta canção
É de manhã vem o sol
Mas os pingos da chuva
que ontem caiu
Ainda estão a brilhar
Ainda estão a dançar
Ao vento alegre
Que me traz esta canção
Quero que você me dê a mão
Vamos sair por aí
Sem pensar no que foi
que sonhei
Que chorei, que sofri
Pois a nossa manhã
Já me fez esquecer
Me dê a mão
vamos sair prá ver o sol
É de manhã vem o sol
Mas os pingos da chuva
que ontem caiu
Ainda estão a brilhar
Ainda estão a dançar
Ao vento alegre
Que me traz esta canção
É de manhã vem o sol
Mas os pingos da chuva
que ontem caiu
Ainda estão a brilhar
Ainda estão a dançar
Ao vento alegre
Que me traz esta canção
Quero que você me dê a mão
Vamos sair por aí
Sem pensar no que foi
que sonhei
Que chorei, que sofri
Pois a nossa manhã
Já me fez esquecer
Me dê a mão
vamos sair prá ver o sol
Vídeo com a música "Estrda do sol" de Tom Jobim (1927/1994), interpretada por Elis Regina (1945/1982).
Palavras Bordadas: Olinda Evangelista
Meus primeiros pontos com linha e agulha parecem ter sido aqueles das roupinhas de boneca... Lembro-me de subir numa seringueira, em Jandaia do Sul, norte do Paraná, e juntar os paninhos ou, meu preferido, recortar meias para fazer vestidinhos, sainhas, blusinhas, calcinhas – tudo às expensas das meias de meu pai.
Também aprendi a costurar à máquina, uma Singer que minha mãe ganhou de meu pai, que a ensinou a usar. Minha mãe, Dona Lazinha, bordava meus vestidos... ponto rococó, ponto cheio, ponto sombra, aplicação... No Ginásio e na Escola Normal passei pelas aulas de trabalhos manuais e aprendi ponto atrás, ponto cheio, correntinha... Eu bordava biquínis, camisetas, alpargatas com estrelinhas, lantejoulas e miçangas.
O estudo e depois o trabalho me distanciaram dos panos, linhas e agulhas. Muito mais tarde, lá por 1992, readquiri o gosto pelo bordado, especialmente com a Dona Thereza, vó do Thomás, com quem aprendi um pouco de ponto cruz. Mas não fui longe. Muita perfeição.
Em 2003 fui para Portugal com a Bete Faria e lá tomei contato com o “lenço dos namorados”, uma tradição que vinha sendo recuperada no país. Comprei uma revista para reaprender o “ponto atrás” e tirar o risco. Comprei pano, linhas e agulhas e bordei o primeiro paninho. Tinha uma trovinha portuguesa, mas o desenho era espanhol. Foi o primeiro que bordei e dei pra Bete.
Quando me mudei para Florianópolis, em fins de 1991, conheci os bordados de Dona Maria Celeste Neves, expostos na Casa Açoriana, em Santo Antônio de Lisboa. Fiquei encantada! Mas naquele momento não me passou pela cabeça bordar algo assemelhado. Entretanto, quando voltei de Portugal fui convidada pela Sonia Beltrame para participar de um grupo de mulheres. Juntávamo-nos para bordar, num sentido muito amplo. Fazíamos fuxicos com panos reciclados, comprados, ganhados... esse grupo veio a chamar-se Respigar e dele faziam parte a Sonia, nossa madrinha, a Silvia Da Ros, a Ana Baiana, a Bea, a Eloísa, a Olga. Outras colegas fizeram parte, mas não permaneceram, como a Lucena – co-fundadora – e a Maria de Fátima Sabino. Mais tarde entrou a Bel.
Foi no Respigar que conheci dois “panozinhos” maravilhosos! A Sonia os trouxe para a Silvia e a Olga. Comprou de sua ginecologista, Maria Inês. Até hoje não sei o nome da bordadeira, mas sei que é octogenária, como a Dona Maria Celeste. Seu bordado não é como o da Dona Maria Celeste, embora tenham algo em comum. Só quando os vi é que pensei se eu seria capaz de fazer algo parecido. Percorri inúmeros sebos, nada me ajudou. Peguei então muitos livros infantis, poesias, panos, linhas, agulhas e tentei elaborar um bordado. Bordei, então, meu primeiro “pano” com uma poesia do Mario Quintana. E não parei mais.
Depois do Respigar passei a compor também o grupo Roda de Bordado, sediado no Campeche, do qual fazem parte Bea, Verinha, Flávia, Rozi, Bel, Olga. Com menor freqüência, participam Carminha e Evanilde. Neste também passaram outras colegas, como a Cátia, Débora, Mabel...
Agora, um outro grupo começa a nascer no Campeche. Bel e eu estamos ensinando bordado para a Rose, Fernanda e Paty.
De ponto em ponto vão aumentando as bordadeiras. Encontramos um nome para nosso trabalho: bordado sobre retalho. Acho bonito.
Esqueci de dizer que sou professora no Curso de Pedagogia, na Universidade Federal de Santa Catarina. Tento conjugar minhas aulas com meus bordados. Não quero perder o prazer de bordar palavras.
Também aprendi a costurar à máquina, uma Singer que minha mãe ganhou de meu pai, que a ensinou a usar. Minha mãe, Dona Lazinha, bordava meus vestidos... ponto rococó, ponto cheio, ponto sombra, aplicação... No Ginásio e na Escola Normal passei pelas aulas de trabalhos manuais e aprendi ponto atrás, ponto cheio, correntinha... Eu bordava biquínis, camisetas, alpargatas com estrelinhas, lantejoulas e miçangas.
O estudo e depois o trabalho me distanciaram dos panos, linhas e agulhas. Muito mais tarde, lá por 1992, readquiri o gosto pelo bordado, especialmente com a Dona Thereza, vó do Thomás, com quem aprendi um pouco de ponto cruz. Mas não fui longe. Muita perfeição.
Em 2003 fui para Portugal com a Bete Faria e lá tomei contato com o “lenço dos namorados”, uma tradição que vinha sendo recuperada no país. Comprei uma revista para reaprender o “ponto atrás” e tirar o risco. Comprei pano, linhas e agulhas e bordei o primeiro paninho. Tinha uma trovinha portuguesa, mas o desenho era espanhol. Foi o primeiro que bordei e dei pra Bete.
Quando me mudei para Florianópolis, em fins de 1991, conheci os bordados de Dona Maria Celeste Neves, expostos na Casa Açoriana, em Santo Antônio de Lisboa. Fiquei encantada! Mas naquele momento não me passou pela cabeça bordar algo assemelhado. Entretanto, quando voltei de Portugal fui convidada pela Sonia Beltrame para participar de um grupo de mulheres. Juntávamo-nos para bordar, num sentido muito amplo. Fazíamos fuxicos com panos reciclados, comprados, ganhados... esse grupo veio a chamar-se Respigar e dele faziam parte a Sonia, nossa madrinha, a Silvia Da Ros, a Ana Baiana, a Bea, a Eloísa, a Olga. Outras colegas fizeram parte, mas não permaneceram, como a Lucena – co-fundadora – e a Maria de Fátima Sabino. Mais tarde entrou a Bel.
Foi no Respigar que conheci dois “panozinhos” maravilhosos! A Sonia os trouxe para a Silvia e a Olga. Comprou de sua ginecologista, Maria Inês. Até hoje não sei o nome da bordadeira, mas sei que é octogenária, como a Dona Maria Celeste. Seu bordado não é como o da Dona Maria Celeste, embora tenham algo em comum. Só quando os vi é que pensei se eu seria capaz de fazer algo parecido. Percorri inúmeros sebos, nada me ajudou. Peguei então muitos livros infantis, poesias, panos, linhas, agulhas e tentei elaborar um bordado. Bordei, então, meu primeiro “pano” com uma poesia do Mario Quintana. E não parei mais.
Depois do Respigar passei a compor também o grupo Roda de Bordado, sediado no Campeche, do qual fazem parte Bea, Verinha, Flávia, Rozi, Bel, Olga. Com menor freqüência, participam Carminha e Evanilde. Neste também passaram outras colegas, como a Cátia, Débora, Mabel...
Agora, um outro grupo começa a nascer no Campeche. Bel e eu estamos ensinando bordado para a Rose, Fernanda e Paty.
De ponto em ponto vão aumentando as bordadeiras. Encontramos um nome para nosso trabalho: bordado sobre retalho. Acho bonito.
Esqueci de dizer que sou professora no Curso de Pedagogia, na Universidade Federal de Santa Catarina. Tento conjugar minhas aulas com meus bordados. Não quero perder o prazer de bordar palavras.
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